As Origens Informais (Período Colonial ao Início do Século XX)

A atividade de “corretagem” no Brasil remonta aos primórdios da colonização. No início, a intermediação de negócios, incluindo terras e moradias, era feita de forma muito rudimentar e informal.

  • Povoamento e Terras: Com a chegada da Família Real Portuguesa em 1808 e o crescimento das cidades, a necessidade de moradias e a comercialização de terras começaram a demandar algum tipo de intermediação.
  • Comerciantes Locais e “Intermediadores”: Não existia uma profissão formal. Proprietários de terras ou imóveis, que muitas vezes moravam no interior, recorriam a comerciantes locais (como farmacêuticos, donos de armazéns) para afixar avisos de venda em seus estabelecimentos. Esses comerciantes, de forma esporádica e sem regulamentação, passavam a intermediar as negociações, cobrando uma porcentagem pelo “favor”. Há relatos de que o primeiro “corretor” informal seria Antônio Armando Mariano de Arantes Costa, que passou a intermediar negociações.
  • Código Comercial de 1850: Embora não regulamentasse especificamente a corretagem de imóveis, o Código Comercial de 1850 já mencionava a figura do “corretor” em um sentido mais amplo, ligado aos atos do comércio.

A Profissionalização e a Luta por Regulamentação (Século XX)

O verdadeiro impulso para a profissionalização da corretagem imobiliária veio com a urbanização acelerada do Brasil no século XX, impulsionada pela industrialização e imigração. O crescimento das cidades gerou uma demanda crescente por moradias e terrenos, e a atividade de intermediação se tornou mais constante e organizada.

  • Décadas de 1930 e 1940: O Surgimento das Associações e Sindicatos:
    • Com a expansão do mercado, os “agentes imobiliários” começaram a se organizar. Em 1937, surge o primeiro Sindicato de Corretores de Imóveis no Rio de Janeiro.
    • Em 1938, é fundada a Associação Profissional dos Corretores de Imóveis em São Paulo, no Largo do Café. Esses movimentos foram cruciais para dar identidade e voz à categoria.
    • Em 1942, o Ministério do Trabalho reconhece oficialmente a designação “Corretores de Imóveis”.
  • Décadas de 1950 e 1960: A Lei Pioneira e o Crescimento do Mercado:
    • O mercado imobiliário ganhou força com a criação do Sistema Financeiro da Habitação (SFH) em 1964, que facilitou o acesso ao crédito e à casa própria. Isso aumentou exponencialmente a demanda por profissionais.
    • A primeira lei que regulamentou a profissão foi a Lei nº 4.116, de 27 de agosto de 1962. Essa data, 27 de agosto, se tornaria o Dia Nacional do Corretor de Imóveis. Esta lei foi um marco, mas ainda não era completa.
  • Década de 1970: A Regulamentação Definitiva e a Criação dos CRECIs e COFECI:
    • Após anos de luta e organização da categoria, a profissão obteve sua regulamentação mais robusta com a Lei nº 6.530, de 12 de maio de 1978, e o Decreto-Lei nº 81.871, de 29 de junho de 1978.
    • Essas leis foram cruciais porque:
      • Estabeleceram a necessidade de formação específica (o curso de Técnico em Transações Imobiliárias – TTI).
      • Criaram os Conselhos Regionais de Corretores de Imóveis (CRECIs), responsáveis pela fiscalização e registro dos profissionais em cada estado.
      • Criaram o Conselho Federal de Corretores de Imóveis (COFECI), o órgão máximo que normatiza e orienta os CRECIs em todo o Brasil.
    • Com isso, a profissão ganhou status, regras claras, um Código de Ética e a garantia de que apenas profissionais habilitados e fiscalizados poderiam atuar no mercado.

Do Século XXI aos Dias Atuais: A Era Digital e o Corretor Consultor

O século XXI trouxe novas transformações, com o avanço tecnológico impactando diretamente a corretagem imobiliária.

  • Código Civil de 2002 e a Lei nº 10.795/2003: O novo Código Civil dedicou um capítulo especial à corretagem, e a Lei nº 10.795/2003 atualizou a Lei 6.530/78, ajustando pontos como a eleição dos conselheiros e valores de anuidades.
  • O Impacto da Tecnologia:
    • Portais Imobiliários e Redes Sociais: A internet revolucionou a forma de anunciar e buscar imóveis. Portais como Zap Imóveis, Viva Real, e as redes sociais se tornaram ferramentas indispensáveis para o corretor.
    • Visitas Virtuais e Realidade Virtual: Tecnologias como fotos 360°, tours virtuais e, mais recentemente, realidade virtual e aumentada, permitem que clientes explorem imóveis remotamente, otimizando o tempo.
    • CRMs Imobiliários: Softwares de gestão de relacionamento com o cliente (CRM) ajudam o corretor a organizar leads, acompanhar negociações e personalizar o atendimento.
    • Big Data e Inteligência Artificial: A análise de dados de mercado permite ao corretor identificar tendências, precificar imóveis de forma mais precisa e oferecer insights estratégicos aos clientes.
    • Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD): Com a digitalização, a proteção de dados dos clientes tornou-se uma preocupação legal fundamental, exigindo que corretores e imobiliárias atuem em conformidade.
  • O Novo Papel do Corretor:
    • Apesar da tecnologia, o fator humano continua insubstituível. O corretor moderno deixou de ser apenas um “mostrador de imóveis” para se tornar um consultor estratégico.
    • Ele atua como especialista do mercado local, negociador, solucionador de problemas, e conselheiro para questões jurídicas, financeiras e emocionais envolvidas na transação imobiliária.
    • A empatia, a sensibilidade e a capacidade de construir confiança são mais valorizadas do que nunca, especialmente em um mercado cada vez mais complexo e com clientes mais informados.

A corretagem imobiliária no Brasil evoluiu de uma atividade informal para uma profissão regulamentada e essencial, adaptando-se às demandas de um mercado em constante mudança. Na Imobiliária da Mulher, temos orgulho de fazer parte dessa história, honrando o legado de profissionalismo e inovação para continuar a servir você com excelência.


Imobiliária da Mulher: Tradição e Inovação para o seu melhor negócio.

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